sábado, 26 de fevereiro de 2011

Nossas Gestalts Abertas

       Não tenho tempo para nada! Como vou arranjar tempo para fazer isto? Estou esgotado! Estou estressado! Estas queixas e outras semelhantes parecem familiares a você? São comuns a muitas pessoas hoje em dia.
       Utilizar produtivamente nosso tempo é um problema para a maioria de nós: trabalho, família, estudo, vida social, esporte, lazer, cidadania e outras áreas de atividades requisitam continuamente nosso tempo. Às vezes nos parece que as 24 horas do dia não são suficientes para fazermos tudo o que necessitamos. E isto nos esgota.
       Por vezes, iniciamos várias atividades e, por alguma razão, não as conseguimos concluir. Nos sentimos amarrados, sem produtividade. Estamos aparentemente fazendo muitas coisas, mas o resultado é frustrante... E nos sentimos esgotados, sem energia.
A Psicologia da Gestalt pode nos ajudar, de forma simples e intuitiva, a compreender porque isto acontece e como podemos ser mais produtivos sem nos cansarmos tanto.
        Gestalt (pronuncia-se guestalt) é uma palavra de origem alemã que pode ser traduzida aproximadamente como figura, forma ou aparência. A Psicologia da Gestalt enfoca leis mentais - princípios que determinam a maneira como percebemos as coisas.
Podemos ter uma compreensão intuitiva de uma das leis básicas da Gestalt - a lei da completude ou fechamento - por meio da figura ao lado. Ela é
normalmente vista como um triângulo branco com as pontas apoiadas em três círculos negros. Mas, não há de fato este triângulo branco, ele é produto da tendência de nossa mente a criar padrões, "completar" o que nossa mente acha estar incompleto. Esta lei da Gestalt é chamada de Lei da Completude ou  do Fechamento.
       Segundo ela,  tendemos, inconscientemente, a fechar gestalts  abertas, isto é, a concluir ou fechar figuras ou objetos que achamos que estão incompletos. Isto vale não apenas para formas visuais, mas também para ações e outras coisas que percebemos como incompletas. Nossa mente percebe nossos projetos e ações iniciados, mas não completados, como formas abertas incompletas que necessitam ser "fechadas" ou completadas. E aloca continuamente energia para os "fecharmos", isto é, concluirmos.
       Um exemplo: vamos imaginar que, querendo ficar em forma, perder a barriga e ganhar músculos, nos inscrevemos numa academia de ginástica. Começamos com entusiasmo e depois, por falta de vontade ou “falta de tempo”, vamos espaçando as vezes que a freqüentamos, até pararmos. Contudo, não abandonamos o nosso sonho de ficar em forma, “justificando” para nós mesmos e para os outros que, quando tivermos tempo, voltaremos a freqüentar a academia e ficaremos em ótima forma! Este sonho ou projeto de ficar em forma, enquanto não concluído ou claramente abandonado, é uma gestalt aberta que nos puxa energia.
       Se além desta gestalt aberta, tivermos muitas outras, como por exemplo, o curso de inglês que queremos fazer, mas protelamos, a viagem com que sonhamos continuamente e nunca nos mobilizamos de fato para realizá-la, a construção de uma casa de campo, a reorganização dos arquivos do escritório ou a arrumação do “quarto de despejo” (“qualquer dia destes eu dou um jeito nisto”), nosso nível de energia pessoal disponível diminui. Isto porque cada gestalt aberta nos requisita continuamente energia para fechá-la.
       Quanto mais gestalts abertas tivermos, menos energia psíquica teremos disponível, causando aquela sensação de cansaço, stress, dificuldade de tomar decisões. Na próxima postagem, "Como Fechar Nossas Gestalts Abertas?", sugerirei maneiras de "fechar" essas gestalts.

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