terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Saúde Mental e Felicidade - Parte 1


“Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.”
(Trecho da canção “Tocando em Frente” de Almir Sater & Renato Teixeira)


O que é felicidade? Há muitas definições, mas a maioria das pessoas concordaria que a felicidade implica, no mínimo, num “(...) estado de completo bem-estar físico, mental e social”, que é como a OMS  ̶  Organização Mundial de Saúde1 define saúde. Parece haver, portanto, uma relação significativa entre felicidade e saúde, quando esta é entendida em termos amplos.

As crenças (e as emoções a elas associadas) que temos sobre nós mesmos, sobre os outros e o mundo influenciam nosso bem-estar físico, mental e social. Conseqüentemente, influenciam na nossa felicidade.

A partir da infância, as pessoas desenvolvem crenças positivas ou negativas sobre si mesmas, sobre os outros e o mundo, algumas delas associadas a fortes cargas emocionais. Uma crença negativa, como “sou burra, não consigo aprender as coisas direito”, pode influenciar no comportamento da pessoa apenas quando ela está deprimida ou até o tempo todo, dependendo da intensidade das emoções associadas a esta crença.

Por exemplo, uma menina que formou a crença de que é “burra”, mesmo que seu potencial de aprendizado seja normal, poderá ter dificuldade nas provas escolares, conseqüentemente tirando notas baixas. Estas notas baixas “confirmam” para ela própria sua crença de que é “burra”, o que fortalece esta crença, num círculo vicioso.

Crenças como esta revelam-se, muitas vezes, por “pensamentos automáticos”. Estes pensamentos são comuns a todas as pessoas e surgem espontaneamente, sem reflexão. Brotam, surgem inesperadamente, coexistindo com o fluxo de pensamento mais manifesto e consciente.

Neste exato momento, parte de sua mente está focalizando o que você está lendo aqui, tentando entender o que está escrito. Em outro nível, você pode estar tendo alguns pensamentos rápidos, como por exemplo: “o que será que fulano está fazendo agora?”, “preciso pagar aquela conta” e outros. Esses são exemplos de pensamentos automáticos. No caso de uma pessoa com crença semelhante ao da menina do exemplo acima, os pensamentos automáticos poderiam ser: “não estou entendendo isto”, “sou tão burra”.

Começando um novo trabalho, a menina do exemplo (que vou chamar de Lúcia), agora moça, mas ainda com a mesma crença pessimista, pode começar a ficar ansiosa e pensar automaticamente: “Este trabalho é muito difícil para mim...”. Uma colega de trabalho dela, também iniciante e com alguma ansiedade na mesma situação, mas sem essa crença negativa, pode começar a pensar do mesmo modo: “Este trabalho é muito difícil para mim...”.

Porém, a maneira como cada uma delas termina o pensamento é diferente. Lúcia poderá termina-lo assim: “... porque sou tão burra”, sentindo-se triste, deprimida. Sua colega, porém, conclui o pensamento de forma diferente: “... seria melhor dividir isso em tarefas menores”, ou “... preciso treinar mais para fazer isso”, com a ansiedade que está sentindo a impulsionando para agir positivamente na busca de uma solução.

A situação é a mesma para ambas. A diferença, que provavelmente irá se refletir nos resultados do trabalho, é como cada uma delas interpreta a situação. Isto significa que, se Lúcia aprender a interpretar situações semelhantes de uma maneira mais positiva, poderá sentir-se melhor e ser mais bem sucedida nessas ocasiões. A chave para isto está na mudança desta crença sobre si mesma.

Algumas dessas crenças pessimistas podem se tornar tão centrais e fundamentais para a pessoa que ela nem as questiona, considerando-as como verdades absolutas. Mas podem ser mudadas! A partir da minha experiência de vida e do que tem me ensinado os estudos e a prática psicológica e espiritual,  acredito firmemente que “cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”.

Veja a sequência desta postagem em "Saúde Mental e Felicidade - Parte 2"
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1Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (OMS, 1946).

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